Produtos Regionais e gastronomia
A cozinha vieirense está profundamente marcada pelos sabores rurais e serranos, e pelo aproveitamento dos produtos endógenos que possibilitam a confeção de iguarias verdadeiramente tentadoras.
A cozinha vieirense está profundamente marcada pelos sabores rurais e serranos, e pelo aproveitamento dos produtos endógenos que possibilitam a confeção de iguarias verdadeiramente tentadoras.
No inverno e depois dos presuntos e enchidos estarem secos e curados, o mais afamado manjar tradicional, as Couves com Feijões, recheia as mesas do concelho.
A vitela assada no forno é outro prato clássico da gastronomia vieirense. A carne Barrosã, gado que pastoreia grande parte do ano nos pastos verdejantes da Serra da Cabreira, pode ser degustado nos restaurantes ou adquirida nos talhos da região.
Para completar o cardápio, não podemos deixar de referir outras especialidades da terra que merecem ser destacadas, tais como o Cabrito, o Anho, os Barquilhos, as Rabanadas, o Leite-creme, o Pudim, entre outros.
Ao nível de restauração, o concelho dispõe de vários restaurantes distribuídos pelas várias freguesias, onde poderão ser encontrados os mais típicos paladares minhotos.
Vitela Barrosã
A Gastronomia Vieirense tem o seu expoente máximo na Vitela Barrosã, sendo um dos ex-líbris do concelho e dos pratos mais apreciados e mais procurados pela gente da terra e pelos visitantes. Em naco, grelhada ou assada a vitela é uma deliciosa tentação e expressão de bem receber.
Em Vieira do Minho, o gado de origem Barrosã pastoreia grande parte do ano nas encostas e prados da Serra da Cabreira o que lhe confere um sabor único e uma textura tenra e suculenta. Esta pode ser degustada nos restaurantes ou adquirida nos talhos do concelho.
Couves com feijão
A iguaria “Couves com Feijão” é o exemplo típico do aproveitamento dos produtos endógenos que possibilitam a confeção de pratos deliciosos.
Tradicionalmente, as “Couves com Feijão” são confecionadas nos meses de inverno, entre Novembro e Março, após a matança do porco, e depois dos presuntos e enchidos estarem secos e curados. Para a preparação deste prato, são necessárias as melhores carnes caseiras e o que de melhor se produz nos campos e hortas: carne de porco (orelha, pé, presunto, pá, barriga e costela), enchidos (salpicão, chouriça de carne e chouriça de sangue), couve-galega cegada, feijão amarelo, batatas cortadas aos quadrados, bom azeite e alho picado.
Mel
O mel de Vieira do Minho é produzido a partir do néctar recolhido das flores das seguintes espécies, urze, tojo, carvalho, entre outras. Estas plantas conferem ao mel características únicas quanto ao sabor, aroma e cor, que se traduz num produto de excelente qualidade.
O mel faz parte da doçaria tradicional e serve para regar as rabanadas, o queijo, os barquilheres e para a confeção de outros doces.
No concelho, existe vários produtores, cujo mel se encontra à venda no posto de turismo.
Barquilheres
Os barquilheres são uma especialidade centenária envolvida na identidade cultural de Vieira do Minho.
A origem dos barquilheres é incerta e não existe consenso por parte dos seus produtores no que diz respeito à proveniência deste clássico da doçaria vieirense. A Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira sugere que foi nas festas populares que começaram a surgir tipos de bolacha semelhantes ao atual barquilher, estas eram vendidas principalmente por vendedores espanhóis. Acredita-se que o povo adaptou e tentou recriar aquela receita com recurso aos produtos disponíveis na altura, o que levou eventualmente à receita e forma atual deste doce. Pensa-se ainda que o instrumento de ferro utilizado na sua confeção é originário dos países nórdicos, onde também é utilizado para a preparação de doçaria tradicional.
Ovos, farinha, açúcar amarelo, canela e limão são os ingredientes utilizados na sua confeção. A massa é de preparação simples e apresenta uma consistência cremosa. A particularidade desta iguaria está no processo de cozedura que, ainda hoje, é feita artesanalmente a fim de garantir uma textura finíssima e estaladiça. Cada barquilher é confecionado à lareira, num recipiente em ferro previamente aquecido e untado com manteiga, cumprindo as regras de cozedura em lume brando. A massa deve ficar bem fina na superfície quente do ferro. Depois de cozido e ainda quente, é desenformado e enrolado delicadamente com as mãos de forma a obter um cone. É um processo que requer habilidade e destreza, pois a massa endurece rapidamente tornando impossível moldar. Depois de enrolados, os barquilheres devem arrefecer completamente para que endureçam e fiquem estaladiços. De seguida, devem ser acondicionados numa lata hermética para que possam ser conservados vários dias.
O utensílio utilizado na preparação desta bolacha é uma espécie de prensa artesanal. Este deve ser encomendado, pois é feito especialmente para quem se dedica à confeção deste doce. Este objeto tem cerca de 70 cm de comprimento, dispõe de dois ferros cruzados em tesoura que nas extremidades têm dois discos de metal com cerca de 15 cm de diâmetro. É nesses discos que é vertida a massa antes do processo de cozedura.
Manda a tradição que os barquilheres devem ser degustados com produtos e sobremesas típicos do Natal e da Páscoa, tais como o leite-creme, o mel, a marmelada e o queijo, ou com compotas caseiras. Atualmente, este produto tem ganho novas versões mais contemporâneas. Há quem arrisque e inove, recheando-os, por exemplo, com gelado, mousse de chocolate, creme de chocolate ou fruta.
Este doce não se encontra à venda em espaços comerciais, e são raros os que ainda confecionam e vendem os barquilheres. Para aquisição deste clássico vieirense, é necessário recorrer a contacto e encomendar.
Em 2019, a Câmara Municipal de Vieira do Minho concorreu às 7 Maravilhas Doces de Portugal com os barquilheres, ficando pelas semi-finais, num esforço conjunto de dar a conhecer e partilhar com toda a nação, e não deixar que caiam no esquecimento.
Fumeiro
Em Vieira do Minho, o fumeiro é rei. Há mais de 10 anos que a Autarquia organiza anualmente a Feira do Fumeiro de forma a que os inúmeros produtores locais possam comercializar o tão afamado Fumeiro Vieirense. Este certame tem vindo ao longo dos anos a assumir-se como grande dinamizador da economia local, projetando assim o concelho a nível gastronómico. Presunto, pás, pés, barriga, pernis, chouriças de carne e de sangue, morcelas, salpicões, alheiras, orelheira, queixadas, peitos, cabeça e pingo são algumas das iguarias que durante este evento fazem as delícias de quem visita Vieira do Minho.
O Fumeiro de Vieira do Minho é produzido em unidades de fabrico de cariz familiar e de forma tradicional, garantido assim a sua qualidade e autenticidade.
Feijão Amarelo
O Feijão Amarelo de Vieira do Minho tem cerca de 10mm por 5mm, com pele amarela e interior creme e aveludado. A sementeira ocorre, preferencialmente, em maio e a colheita entre o final de agosto e a primeira quinzena de setembro, quando as vagens, já completamente cheias, estiverem com uma coloração matizada rosa e bege. O Feijão Amarelo é um ingrediente versátil e rico em sabor. Em Vieira do Minho, é apreciado na confecção do prato tradicional “Couves com Feijão”, arroz com grelos e feijão, sopa à lavrador, massa à lavrador, papas de farinha de milho, entre outros.