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LENDA DA FEIRA DA LADRA

Segundo reza a lenda, a sua designação deve-se do uso da "ladra", um pau rachado na extremidade que os romeiros outrora utilizavam para roubar cachos de uvas ao longo dos caminhos que percorriam para chegar ao local da feira. Importante feira concelhia (Festas de Vieira do Minho) onde se encontra à venda o principal artesanato da região e do Concelho. Integrando o programa de festas, realizam-se todos os anos chegas de bois, provas e corridas de garranos, concertos, entre outras actividades agrícolas, lúdicas e comerciais. Realiza-se no primeiro fim-de-semana de Outubro.

 

LENDA DA SERRA DA CABREIRA E DO RIO AVE

Diz-se que certo dia, chegou à Serra da Agra uma moça vinda dos lados da Espanha. Desenvolta, jovem e bonita, chegou à fronteira, que praticamente não existia, e deixou-se ficar com o seu rebanho de cabras, na bela paisagem que a encantava. Diz a lenda, que um cavaleiro muito elegante, numa manhã de Sol quando caçava com outros caçadores pelas redondezas, ficou como que maravilhado diante da moça pastora. Cumprimentou-a ternamente:

- Bom-dia, linda Cabreira...Tens a luz do Sol no teu olhar.

Ela sorriu, envergonhada e respondeu com voz trémula:

- É dos vossos olhos, Senhor... Eu não valho o vosso cumprimento...

Então o cavalheiro fez sinal aos seus companheiros para se afastarem e desmontou devagar do cavalo, com um sorriso de promessas:

- Ouve, linda Cabreira... por ti, e só por ti, irei abandonar a caça e ficar neste local... para te adorar!

E assim começou mais um romance de Amor, que durou horas, dias, talvez semanas... Cavaleiro e Donzela trocaram as suas juras, como se só eles existissem no Mundo, ali, os dois sozinhos, recolhidos num recanto paradisíaco da Serra da Agra. Mas tudo tem um fim, diz o Povo e a Verdade.

Em certo momento o Cavaleiro lembrou-se que tinha de partir. Obrigações importantes esperavam-no decerto:

- Escuta, minha bem-amada... Eu vou, mas voltarei o mais rapidamente possível. Já não posso viver sem ti.

Triste, suspirando, ela apenas confessou:

-Nem sequer sei quem sois...Como vos chamais...

Ele riu, dominador e feliz.

- Pouco importa... Sou o homem que tu amas e te ama... Mas se queres saber mais, digo-te que sou o Conde de uma vila próxima e virei buscar-te em breve para o meu palácio. Espera por mim!

-Esperarei até ao fim da minha vida…

E esperou, na verdade, até ficar quase morta de fome, de cansaço e de frio (e de desilusão, também!)

-Preciso de o encontrar, preciso de o encontrar de novo...nem que para isso tenha de ser ave e voar...E chorou.

Chorou tanto, tanto, que o caudal das suas lágrimas se transformou num Rio e esse rio foi banhar a terra daquele que a abandonou: "Vila do Conde".

E o bom Povo quis perpetuar, com toda a justiça, o amor desgostoso da moça pastora.

Por isso, deu à Serra onde ela vivera a sua grande paixão, o nome de Serra da Cabreira e já que ela queria ser ave e voar, passou a chamar ao Rio da Vila do Conde, o Rio Ave...

 

LENDA DAS FRAGAS DE PENA-MÁ

Nessa altura aproximava-se, pela retaguarda, outra mulher com a criança e a passadeira pergunta:

- O que é que tu me dás?

E a outra responde:

- Fragas de Penas Más.

Depois faz-se a primeira “passadela”. Passa a criança por entre os pés da passadeira, repetindo isto três vezes. Em seguida, tiram a camisa que a criança leva vestida, vestem-lhe uma nova e entregam-na à mãe. E então volta-se a passadeira para a foz do regato e na mesma posição passa por entre os pés a camisa tirada à criança e exclama:

Raios te parta e a Satanaz,

Na rocha das Penas Más,

Camisa maldita,

Camisa proscrita…

Camisa doente,

Que o mal não sente.

Na tua viagem para o mar

A doença levarás

Que esta crianças trás…

Camisa doente, que o mal não sente,

Na tua viagem para o mar

A doença levarás

Que esta criança trás.

Raios partam as doenças,

Raios partam a Satanaz…

Viva aquela criancinha

Curada nas Penas Más.

E após dito isto, atira a camisa pela água abaixo.

 

LENDA DO OVO DA RAINHA

1 - Segundo a lenda, andava por aquele local, uma linda moura, apesar de já ser velhinha (quem sabe se era descendente dos árabes aquando a sua permanência no Castelo), a estender meadas de ouro ao sol. E, de repente apareceram dois grupos de homens que eram inimigos, dos quais já se conheciam disputas entre si: um vindo dos lados de Bucos e o outro das bandas de São Frutuoso que lutavam pela posse do Castelo. A moura que se encontrava no alto do penedo, com os seus poderes mágicos, fez abrir o penedo e aí se fechou com as suas meadas de ouro, ficando lá encantada para sempre.

 

2 – Lenda das Mouras e da Vaquinha

Havia uma vaca que todas as noites visitava a mina. No sopé do monte do Castelo havia um lavrador que tinha várias vacas, das quais se destacava uma gorda e formosa. Como já se vinha sendo hábito, depois de os animais bem alimentados e com os úberes cheios de leite, o lavrador recolhia os animais à corte. Só que de manhã, a tal vaca gorda tinha sempre os úberes vazios, o que fazia pensar que esteve ali algum bezerro ou alguém a ordenhar a vaca. O lavrador, andando inquieto com tal mistério, decidiu guardá-la a noite. Foi então que ouviu uma grande marrada na porta e eis que viu a vaquinha cá fora. Logo o lavrador se agarrou à cauda do animal para ver aonde ele ia todas as noites. Este só parou à beira de uma manjedoura ao lado de um belo pasto (erva e hortaliças apetitosas). Então, enquanto a vaquinha se deliciava com aquele belo manjar, duas mouras, vestidas de branco, mungiram a vaquinha. O homem ficou apavorado e cheio de medo, mas antes de ir para casa teve de jurar, perante as mouras, que todas as noites deixava a vaquinha ir levar-lhe o leite fresco.

 

LENDA DA PONTE DA MISARELA

1 - Conta a lenda que um certo criminoso, tentando escapar à justiça, fugiu e acabou encurralado nos penhascos sobranceiros ao Rio Rabagão. Desesperado, o criminoso, talvez pelo excesso dos seus pecados, ao invés de invocar a proteção divina, invocou o Diabo. A poucos instantes da invocação, o maligno apareceu-lhe fazendo a proposta do costume: “salvo-te, mas em troca dás-me a tua alma”. O criminoso aceitou e desde logo, o Diabo, enquanto esfregava um olho, fez aparecer uma ponte ligando as duas margens do rio, e passando o criminoso, a ponte desapareceu.

Salvando o corpo mas perdendo a alma, o criminoso arrependeu-se da permuta e procurou um frade conhecido na região como santo. O frade considerou o ato, um terrível erro e mandou-o voltar ao local da ponte e invocar novamente o Diabo. O criminoso assim fez e o maligno voltando a aparecer, pediu-lhe para fazer aparecer novamente a ponte para passar. Enquanto atravessava a ponte novamente, apareceu na outra extremidade o frade que, com largos gestos, benzia a ponte com água benta e, benzida a ponte, o maligno desapareceu e a ponte ficou intacta no local

 

2 - Por terras de Barroso, de aldeias serranas, vida agreste, de casais jovens, nasciam muitos filhos, aparados por parteiras curiosas, à lareira, no escano, com grande caldeira a fumegar com água quente, no meio de muitas rezas: benza-o Deus!

A mortalidade infantil, cada vez maior, e o receio de se perderem as almas daqueles anjinhos inocentes, bate à porta do casal barrosão. A jovem mulher preocupada, pega na saca da merenda, e diz para o marido:
-Ó homem, morreu-nos o 1º filho. Agora já de novo prenha de 8 meses. E se nos morre o que vai nascer, sem baptismo como o outro?
- Vamos àquela ponte de virtude, que dizem de águas santas benzidas por dois santos e um bispo, lá prós lados de S. Marinha de Ferral.
E lá foram a pé os dois, desceram até à Misarela, cheios de coragem e esperança de vida. Era Outono, as noites arrefecem, acendem o lume no meio da ponte, comem o carolo de pão. E ficam despertos, à espera do 1º passante depois da meia-noite e antes do nascer do Sol.
Os vizinhos de Sidróes ao sentirem fumo na ponte, diziam: vamos que hoje há batizado. Já quase pensando voltar outro dia, ao longe, ao romper da aurora, ouvem passos de socos, nas lajes da calçada.
- Quem vem lá, pergunta o homem, a medo?
- Gente de paz. Surge um barrosão, embrulhado na sua capa de burel, sacho debaixo do braço, rosto alegre e diz-lhes:
- Já sei que quereis ter um filho vivo.
- Sim, ouvimos falar dos milagres desta água tirada debaixo da ponte. O senhor, por amor de Deus, faz-nos o batizado?
- Sim, irmãos, eu já adivinhava, trouxe corda e caneco para a tirar mais fácil e pura.
O passante assim o disse, assim o fez. Prendeu o caneco de negro de Nantes a uma corda comprida, deixou mergulhar o caneco a meio do arco da ponte e puxou-o cheio a verter.
A mulher ergue a saia de burel e o saiote vermelho, ao lado do marido, e o Barrosão, verte sobre aquela barriga jovem, prenhe, oval, a água límpida e fria e diz palavras rituais e sagradas:
"Eu te baptizo criatura de Deus. Se fores rapaz, serás Gerváz, se fores menina, serás Senhorinha. Em louvor de Deus e da Virgem Maria Padre-nosso e Ave-maria".
Sussurram a oração e agradecem muito ao padrinho, que ali fez de padre fazendo um pré-baptismo, com garantias de ao nascer ser realmente padrinho.
O casal regressa a casa contente, subindo a ladeira até S. Marinha, onde os Gervázios e Senhorinhas, vivos e mortos por toda a região de Barroso e Basto e Minho abundam ainda hoje, devido a este curioso ritual, assente na crença que as águas do Rabagão, antes de entrarem no Cavado têm a virtude de dar vida aos que ali passam na barriga da Mãe.

 

LENDA DA SENHORA DA FÉ

1 - A lenda da aparição conta que «Uma rapariga perdeu-se na serra por causa da neve e não encontrava o caminho para a casa. Aflita, pediu intercessão da Mãe de Deus e encontrou um rumo, não para casa mas para o Santuário. Ao vê-la, o eremitão disse “Nossa Senhora me queira perdoar, mas a casa veio dar; os meus pés me aquentar” e indicou-lhe o caminho para casa»

 

2 – A lenda da imagem conta que «A imagem foi feita por um menino que ia aguçar picos, instrumentos para talhar a pedra. Chegava sempre atrasado ao serviço, mas não explicava o motivo. Quando o templo estava pronto, alguém disse: “Agora só falta a imagem”. “A imagem já está pronta”, disse o rapaz. Foi então que perceberam as razões do atraso. A história é conhecida pela lenda do «Meninos dos Picos».

 

LENDA DA SENHORA DA ORADA

A lenda da aparição conta a história de “uma jovem surda-muda que de um dia para outro começou a crescer-lhe a barriga, tudo fazendo crer que estava grávida (...) Como não era casada, a jovem foi fortemente condenada pela comunidade e pelos pais, que não hesitaram em castigá-la severamente. A jovem, que por ser muda, não se podia defender, foi expulsa de casa dos seus pais e levada para um bosque fora da povoação, onde se situa hoje o santuário da Senhora da Orada. Neste degredo e perante o desespero, a jovem suplicava noite e dia pela proteção divina. No meio desta angustiante súplica de oração, apareceu-lhe Nossa Senhora que mandou a jovem procurar um recipiente e um pouco de leite e se debruçasse sobre ele. Nesse instante saiu pela boca uma enorme cobra, que tinha sido ingerida pequenina quando a jovem bebeu água num riacho. (…) Para a jovem, e depois para a comunidade, isto foi considerado um milagre. A rapariga foi perdoada e regressou para casa. Querendo saber como poderia agradecer tal benesse, Nossa Senhora voltou a aparecer à jovem surda-muda e pediu-lhe que lhe construíssem uma capela onde tinha acontecido o milagre.

A outra lenda apresentada para justificar a localização do santuário é que o povo ia construir uma capela junto à denominada “Fonte da Senhora”, onde, segundo a tradição, a Virgem Maria teria aparecido. No entanto, Nossa Senhora apareceu e disse não concordar com a localização escolhida e, segundo a lenda, terá pegado num bordão de um pastor e disse que onde ele caísse era aí que deveria ser construída a capela. Desta forma, o povo de Pinheiro explica a edificação do pequeno templo a cerca de cem metros da referida fonte.”

FERREIRA J.C., ASSIS F., Património de Vieira, Vieira do Minho, 2007, pp. 212 - 213