Fojo Grande
De planta circular e junto da linha de água, a uma altitude aproximada de 1100 metros, implanta-se um poço com cerca de 6 metros de diâmetro e com aproximadamente 3,5 metros de profundidade. Na parte superior do poço abre-se um vão com cerca de 2,5 metros de altura média e 0,80 metros de espessura, delimitado por dois paredões que divergem subindo pelas encostas do talvegue. Os dois extremos superiores dos paredões ficam distantes entre si cerca de 650 metros. O poço e os paredões são construídos com blocos de granito não afeiçoado, tipo laje, de tamanho médio e grande.
O lobo-ibérico, de nome científico Canis lupus signatus, distingue-se dos seus irmãos europeus por ser mais pequeno, pela coloração da sua pelagem mais amarelo-acastanhada, e pelas cores mais fortes e um padrão de coloração das faces e focinho diferente. Por norma, as suas dimensões e peso são semelhantes às de um Pastor Alemão. Em termos nacionais, esta espécie está protegida pela Lei de Proteção do Lobo Ibérico (Lei n.º 90/88 de 13 de agosto e Decreto-Lei 139/90 de 27 de abril).
A batida ao lobo era um autêntico dia de festa, pois contava com a população local, mas também com membros das entidades civis e pessoas influentes do concelho. Assim é retratada uma batida ao lobo nos anos 60: “Como foi anunciado largamente, realizou-se, no dia 6 do corrente, na Serra da Cabreira, a grande batida aos lobos, na qual tomaram parte mais de mil batedores de várias freguesias e mais de 200 caçadores que vieram de muitos pontos do país, os quais se juntaram aos do concelho, formando um apertado e bem organizado cêrco na Chã de Prado, para abater as féras que saíssem do lendário Tôco, que é considerado refúgio privilegiado dos lobos, onde algumas féras, perseguidas pelos batedores, se esconderam e que, protegidas pelo nevoeiro, não apareceram.
Felizmente os bons e activos batedores de Cantelães, que bateram entusiasticamente e com firmeza o seu monte, mataram dois lobos, sendo um morto pelo destemido José do Caminho Novo, do lugar da Paixão, daquela freguesia, e que ainda há poucos dias tinhas matado outro lobo que andou a «passear» em Braga e no Porto, como os jornais noticiaram, com fotografias, prefazendo assim o quarto lobo que o afamado caçador já mato; e o outro foi morto pelo sr. Manuel da Costa Alvares, presidente da Junta da mesma freguesia de Cantelães. Ambos foram muito felicitados ao chegarem com as féras mortas aos Viveiros da Serradela, onde foram admiradas pela multidão que muito se agitou.
Na Chã do Prado, onde todos aguardavam cm ansiedade e entusiasmo o resultado do etaque geral à boma, feito no Tôco, o nevoeiro e o frio intenso que se sentia fez tiritar numerosas senhoras que tiveram de se meter dentro de casa ali existente, e onde a sr.ª Glória da Silva, mulher do guarda florestal de Turio, conseguiu fazer uma grande fogueira para acudir à situação delas, cheias de frio, pelo que mereceu louvor.
Entre a numerosa assistência estiveram os srs. Subsecretários da Educação nacional e do Comércio, governadores civis de Braga e Porto e presidentes das Câmaras Municipais de Braga e Vieira do Minho. O produto da batida, que foi de onze mil escudos, livres de despezas, reverteu a favor dos Bombeiros, para a construção do seu novo quartel.
Pela forma como tudo decorreu, são dignos de louvor o sr. Engenheiro Augusto Machado, digno e estimado chefe da Circunscrição Florestal do Porto, que deu todas as facilidades possíveis de harmonia com o senhor Director-Geral dos Serviços Florestais, bem como os srs. Engenheiro Hernâni e dr. Carlos.
O sr. Engenheiro Hernâni, activo administrador dos Serviços Florestais deste concelho, há cerca de vinha anos, foi toda a alma da batida, com a condição do produto ser entregue à Corporação dos Bombeiros, de que ele é digno presidente, para construção do seu novo quartel, cuja a construção espera iniciar dentro em breve, para o que conta com auxílio de todos os vieirenses.” (Jornal Comércio de Vieira de 19 de março de 1960)